O Evangelho completo

O EVANGELHO COMPLETO

E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.

Mateus 4:23

Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.

João 13:15

É importante reconhecer que o Evangelho de Cristo, mormente em nossos dias, tem duas vertentes que necessitam andar lado a lado, para que ele tenha o impacto na sociedade que tanto esperamos. Importantes ministros evangélicos de nossos dias têm demonstrado preocupação com elas, porém, somente com um extremo ou com outro, por vezes, não harmonizando as partes fundamentais da mensagem cristã ao mundo, incorrendo no mesmo erro que criticam os demais.

O Evangelho de Cristo é uma mensagem de duas vias: uma é a mensagem em si, que deve ser completa e não parcial, e outra, a prática diária dos princípios cristãos, que também funcionam como um “evangelho” diante daqueles aos quais desejamos proclamar a mensagem. Vamos detalhar um pouco mais isso.

A mensagem em si.

A pregação do Evangelho, como o próprio texto selecionado nos mostra, é um anúncio, mesclado a um ensino e com demonstrações de sinais que confirmam o que é proclamado. Essa é a mensagem completa do Evangelho: proclama-se o que Deus fez através de Cristo ao ser humano, ensina-o a viver a nova vida advinda da aceitação desta mensagem e da transformação provocada por ela e liberta o receptor da mensagem das forças opressoras de sua vida, seja dos demônios, das doenças ou de outras circunstâncias que carecem dos milagres de Deus.

Quando apenas enfatizamos uma parte dela, não estamos sendo fieis à mensagem, tampouco à vocação que Deus nos fez para sermos imitadores de seu Filho. É preciso termos coragem para enfrentar nossa própria deficiência, falta de fé e de fidelidade àquilo que o próprio Senhor nos outorgou como seus representantes e continuadores em menor escala de sua obra. Ou proclamamos a mensagem completa, ou não somos fieis a ela; nem podemos criticar os que enfatizam somente uma parte dela. Sejamos sinceros.

A prática diária.

Esse Evangelho pregado não se constitui de uma simples “mensagem da salvação”, mas igualmente e também de uma demonstração de vida transformada por ele que, de outra forma, não faria qualquer sentido aquilo que é dito aos ouvintes. Ou seja, se pregamos que Cristo salva, liberta, transforma e modifica a cosmovisão do ser humano, como nós, os que anunciamos a mensagem, poderíamos demonstrar em nosso dia a dia convivendo com os ouvintes, algo diferente?

Assim como a proclamação precisa ser completa, em nada faltando, sob o risco de sermos infiéis, semelhantemente, nossa prática de vida diária deve se conformar com a mensagem que queremos passar ao mundo. Sabem o porquê de a mensagem da fé cristã ou do Evangelho não estar provocando as mudanças e influências na sociedade de nossos dias? Muito disso se dá porque os “cristãos” não estão demonstrando na prática da vida aquilo que declaram com os lábios. Isto serve a todos nós, sem exceção. Mais uma vez sejamos sinceros.

            Não resta dúvidas que o descompasso, a desconexão da mensagem cristã com a vida diária é o grande vilão que destrói nossos anseios por uma sociedade mais justa, mais harmoniosa, mais temente a Deus, mais próspera, mais solidária, mais amorosa, mais próxima da ética e da moral divinas e de uma sociedade ideal esperada pelos escritores sagrados e revelada pelo Criador. Como se resolve essa problemática e esse distanciamento tão evidente na cristandade? Com a única resposta dada pelo próprio Senhor, e com ela concluo:

E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.

2 Crônicas 7:14

Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.

Apocalipse 2:4,5

Carlos Carvalho, Bp.

Teólogo e Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica

Maio de 2019