NÃO DESPREZEM AS PROFECIAS
NÃO DESPREZEM AS PROFECIAS
Esta é a afirmação de Paulo, apóstolo, em sua primeira carta
aos tessalonicenses, no capítulo 5, versículo 20: “Não desprezeis as
profecias”. É importante fazer algumas considerações antes de nos deter no
mérito desta questão, com o objetivo de esclarecer o pensamento sobre o
assunto. Alguns textos são imprescindíveis de serem lidos por nós.
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da
Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida
por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados
pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1:20,21) Estas são as que consideramos
“profecias canônicas”, embora não haja nada na Escritura que ateste essa teoria,
sendo, sim, uma tradição teológica que aceitamos. Deixaremos como está.
“Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: ‘E nos últimos
dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; E
os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens terão
visões, E os vossos velhos sonharão sonhos; E também do meu Espírito derramarei
sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão;’” (Atos
2:16-18). Aqui se trata das profecias comuns, dadas por pessoas comuns, usadas
nos dons do Espírito Santo, atuando desde o advento do que chamamos de
inauguração da igreja.
“E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas, se
a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos
aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos
aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas
as igrejas dos santos.” (1 Coríntios 14:29-33) Aqui Paulo ensina e regula a
atuação dos que têm o dom profético no culto ou reunião da igreja para que haja
organização e não confusão. Não se trata de mestres, do contrário ele
mencionaria isso, mas de profetas que recebem revelações e palavras que
acreditam que Deus direcionou ao seu povo.
O papel da igreja e dos cristãos maduros não é o de julgar
as pessoas que profetizam – estas serão julgadas a seu tempo pelo Senhor
(Mateus 7:21-23 / Apocalipse 2:20-22) – mas de julgar o que é falado por eles
ou por elas, se o que dizem procede de Deus ou não (1 João 4:1), se sua
profecia tem coerência espiritual (Apocalipse 19:10) e se ela serve à igreja em
sua essência (1 Coríntios 14:3). Estes são os cuidados que homens e mulheres
espirituais devem ter em relação às profecias e aos profetas do tempo dos
gentios.
Porque dizemos isso? Há pouquíssimo tempo atrás, foi
veiculado nas redes sociais algumas profecias acerca do Brasil, onde, de acordo
com esses irmãos e irmãs, Deus estaria agindo no país para abater ou desbancar
o espírito da corrupção que assolou nossa terra até os nossos dias. Longe de nós
sermos especialistas em movimentos proféticos ou de julgarmos o caráter destas
pessoas, todavia, estas profecias parecem ter sido geradas pela mente do
Espírito Santo.
Já há pouco mais de dois anos, temos visto um levante e
enfrentamento deste “espírito”, que pode ser definido como uma forma profunda
de iniquidade arraigada, parte em nosso povo, nas instituições, na política,
nas organizações e empresas, que nos assustaram com o tamanho da destruição que
causavam ao país. Bilhões e bilhões de reais, em prejuízos, roubos e desvios
por parte de uma gigantesca quadrilha de bandidos, dos quais, muitos, ainda sem
condenação, soltos ou mantidos no poder pela morosidade e cooptação de parte do
nosso sistema judiciário e de parte da classe política corrompida.
Uma verdadeira guerra foi travada até os nossos dias e ainda
temos muito o que fazer. Esse “espírito” é resiliente, teimoso e não se deu por
vencido. Há igualmente, uma guerra de narrativas, na tentativa de impedir que a
verdade surja diante de todos. Este “ser” corrupto luta com todas as suas
forças para não morrer, ou ao menos, não perder seu grande poder sobre o nosso
país. É aqui, neste ponto que tecemos nossa crítica a alguns pastores e líderes
eclesiásticos de renome no Brasil.
Estes homens cristãos e líderes, em nome de uma teologia
conservadora – neste caso considerada negativamente – que rejeita a operação
dos dons espirituais em nossos dias, não o fazem por maturidade espiritual, mas
por um apego excessivo à própria tradição teológica que receberam. Tal qual os
fariseus fizeram com Jesus e dos rabinos judaicos que rejeitam sua messianidade,
segurando-se desesperadamente aos seus conceitos e interpretações da Escritura,
não conseguem reconhecer aquilo que Deus traz com clareza diante de seus olhos.
Estes líderes eclesiásticos, sequer têm a humildade de
considerar que, o Deus Todo-Poderoso e Imutável, pode fazer o que quiser em
nossos dias, até mesmo enviar profetas modernos para profetizar às nações
(Apocalipse 11:3-6) e, observar que a Escritura já regulava a ação de profetas
a partir da Nova Aliança (1 Coríntios 14). É terrivelmente estranho que homens
de Deus, não creiam no poder do próprio Deus que dizem crer. E é igualmente
ridículo que homens de Deus, detentores da verdade bíblica, não acreditem que
seres demoníacos operam hoje na vida das pessoas e das nações.
“Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que
agora o retém até que do meio seja tirado; E então será revelado o iníquo, a
quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da
sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder,
e sinais e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça para os que
perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso
Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira;
Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade,
antes tiveram prazer na iniquidade.” (2 Tessalonicenses 2:7-12)
“E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso
profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Porque são espíritos
de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e
de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus
Todo-Poderoso.” (Apocalipse 16:13,14)
“Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e
Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e
pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se
acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo.” (Apocalipse
20:2,3)
Não tem sido fácil combater a corrupção em nosso país. Deus
não descerá literalmente do céu para fazer isso. É inquestionável que Ele usa
os seres humanos para cumprir seus propósitos. Nós, os pastores vocacionados
pelo Altíssimo, não deveríamos estar na contramão das ações do Eterno, mas a
seu favor. Não devemos desprezar as verdadeiras profecias modernas. Deveríamos orar
para que elas se cumpram.
Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica, Teólogo, Escritor,
Cientista Social e Ciberjornalista
Maio de 2020
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