A PASSIVIDADE CRISTÃ não é aceitável!
A PASSIVIDADE CRISTÃ não é aceitável!
Vivemos numa época em que os temas
de ordem são a tolerância mais ampla, principalmente a religiosa, os direitos
humanos mais plenos, principalmente na aceitação de comportamentos sexuais que
antes eram tidos como imorais, e a igualdade social, onde a distribuição de
renda (via o espólio da riqueza do outro) é a principal ação para equilibrar o
enorme abismo entre os que mais têm e os que menos têm, sem, contudo, criar
mecanismos de avanços pessoais para os auxiliados. Todavia, todas essas agendas
são reais, necessárias em muitos níveis e precisam ser implementadas dentro da
lei, do bom senso e da ética.
Os cristãos evangélicos[1]
em sua grande maioria são os que mais têm problemas conceituais nas situações
apresentadas acima, isto porque há uma clara divisão entre nós acerca da
maneira como devemos agir em relação a elas: ou nos calamos e vivemos nossas
vidas tranquilamente achando que nada nos atingirá ao longo do tempo, ou nos
levantamos e, pelos mecanismos sociais e políticos que dispomos, tentamos mudar
o rumo das coisas. No fundo, como disse o profeta Elias[2],
estamos “coxeando entre dois pensamentos”.
É preciso contextualizar
urgentemente a época na qual vivemos para compreender a nossa maneira de agir.
Quando os apóstolos e discípulos dos primeiros três séculos viviam, eles
estavam debaixo de um império onde apenas o desejo de um monarca seria
suficiente para que fossem mortos das maneiras mais brutais. Nos demais séculos
até que viesse a Reforma, o Iluminismo e a Revolução Industrial, os cristãos
estavam submissos ao Catolicismo e aos reis, príncipes e dominadores, sob os
quais também não possuíam direitos assegurados em sua liberdade[3].
Também é preciso levar em
consideração outras duas situações atuais. Não vivemos em países ou regiões
controladas por religiosos fundamentalistas onde ser cristão ainda é
considerado um crime punível com a morte, nem habitamos em países autoritários
e não democráticos, onde os cristãos vivem sem direitos de culto e com a
possibilidade de perderem seus bens ou de serem presos. Vivemos em países
livres ou moderadamente democráticos com direitos assegurados por Carta Magna e
por leis que garantem nossa segurança.
Aqui chegamos ao ponto nevrálgico
do que queremos nos fazer compreender. Em países como os nossos, a batalha
pelos direitos e pela paz social – no que diz respeito aos cristãos – não se dá
somente no campo espiritual de guerra contra as forças espirituais da maldade[4]
que atuam para destruir os seres humanos, mas também nos campos político e da
legislação, na criação das leis que regem nossa sociedade[5].
É precisamente nestes dois últimos lugares que os evangélicos têm ficado
confusos, ou seja, os crentes ainda não sabem o papel da igreja e do
Cristianismo nestas áreas. Porém, isto só é visto entre os cristãos mais
recentes, pois os do século XX para trás sabiam o que fazer.
Há um claro movimento político e
legislativo com os discursos legítimos de tolerância, dos direitos humanos e da
igualdade social, mas que tem uma agenda concreta de fazer calar o
Cristianismo, e, em alguns casos severos, de acabar de vez com a força de nossa
crença. Há movimentos acadêmicos, até em faculdades e universidades de
confissão de fé cristãs, onde a fé nas declarações sobrenaturais da Escritura, as
narrativas bíblicas e a própria Escritura são relativizadas, mitologizadas e
desacreditadas. Além de um bom número de movimentos chamados sociais que têm um
claro viés totalitário, comunista e socialista, nos quais o Cristianismo não
goza de aceitação.
Portanto, Cristianismo, cristãos
evangélicos e protestantes não podem aceitar passivamente o calar de suas vozes
em nome de agendas politicamente corretas ou legítimas, mas que inequivocamente
possuem intenções já não ocultas de destruir a nossa fé, e para ser menos
grave, de, no melhor das opções, nos transformar em passivos observadores,
meramente igualados num grande “ecumenismo religioso” e social no qual aceitamos
que a verdade que acreditamos e pregamos é apenas um pedaço do grande mosaico
da “verdade maior”, ou seja, da grande mentira religiosa gerada pela antiga
serpente lá no Éden[6].
Deus nos deu as armas para o
combate excelente em todos os níveis em que este se nos apresente, quer no
campo espiritual, quer no campo da verdade, seja no campo político e da legislação
ou no campo religioso. Não podemos ser passivos e tampouco nos calar na
proclamação da mensagem da fé e da verdade, mesmo que desagrade a quem quer que
seja, políticos, movimentos sociais ou religiosos. Nosso papel é maior do que
alguns querem nos fazer acreditar, mesmo sabendo que o mundo continuará
deteriorando-se moralmente até o retorno de Cristo[7].
“...o
cristianismo é uma religião de luta.”
C. S. Lewis
Cristianismo Puro e Simples
Carlos Carvalho
Teólogo,
Cientista Social, Ciberjornalista, Gestor de Inovação, Empreendedor, Escritor,
Bispo da Comunidade Batista Bíblica e Fundador da ABAN Brasil.
(Originalmente
escrito em 11 de maio de 2016)
[1] Me refiro a esse termo
para inserir todos os crentes protestantes e não católicos, mas não tenho por
ele apreço pela forma como é banalizado em nossos dias.
[3] Não estou fazendo juízos de valor sobre estes temas. Houveram os pontos positivos e negativos deles, mas não há espaço para essa discussão aqui.
[4] Aos efésios 6:12.
[6]No livro do Gênesis,
capítulo 3, a serpente consegue enganar a primeira mulher relativizando e
alterando o sentido das palavras ditas por Deus e lhe sugerindo o conhecimento
de uma “verdade” que, segundo ela, Deus estava ocultando do ser humano. O
resultado foi a morte espiritual e física dos descendentes de Adão.
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